É muito comum alguns empresários, ao iniciar um negócio, quererem gerar impacto na vida do grande público. Isso cai por terra quando, ao divulgar, recebem muitos questionamentos como: "o seu produto é muito caro", "eu jamais compraria um produto simples por este preço", "não entendi nada sobre a sua marca/seu produto", entre outras falas.
Diante disso, é necessário que o empresário entenda duas coisas acerca do público:
Qual é o produto que eu quero vender e qual será o diferencial dele no meio de várias outras marcas que vendem produtos com um preço menor e uma qualidade boa?
Qual é o meu público-alvo e qual é a falta que eles mais sentem no mercado, que eu sou capaz, através do meu produto, de suprir?
Responder a essas questões já é um grande passo para o que a sua empresa pode se tornar.
Não queira abraçar o mundo
Parte do público feminino adoraria ter uma bolsa Birkin da Hermès, mas outra parte acredita que não vale pagar milhares de reais em uma bolsa só pela marca.
Parte do público masculino sonha em ter um relógio da Patek Philippe para chamar de seu, mas outra parte do mesmo público acredita que um relógio da Casio já basta, pois um relógio serve apenas para ver as horas, não sendo um símbolo de pertencimento a uma elite.
Uma parte do público prefere comprar produtos sem marca em um supermercado, devido ao seu baixo custo, justificando suas escolhas com: "é tudo a mesma coisa". Outra parte do público prefere comprar frutas e vegetais em uma quitanda e outros produtos em um empório, pagando mais caro, por acreditar que isso é um investimento na sua saúde e que os produtos desses locais possuem uma qualidade melhor.
Uns usam Kérastase, outros Pantene, outros Palmolive, e outros preferem comprar Clear só porque o Cristiano Ronaldo está estampado na embalagem.
A lista de diferenças de preferências, crenças e padrões de consumo é imensa.
Por isso, entender o desejo compartilhado pelo seu público, muitas vezes não dito, fará uma grande diferença para o seu negócio.
Necessidade de justificar-se
É normal que determinadas empresas, ao lançar uma marca, passem pela situação de serem contestadas por apresentarem um produto diferente, com uma temática distinta no mercado. Isso aconteceu recentemente com a criadora de conteúdo brasileira Malu Borges ao lançar e divulgar sua marca de suplementos Soon.
O público que criticou a marca Soon provavelmente não seria o consumidor dessa marca. O consumidor interessado pode questionar, mas compreenderá e confiará na sua marca, no seu serviço e no seu produto. Sem grandes questões.
Se fosse o contrário, ninguém do Ocidente compraria produtos da Shein, Temu, entre outras, uma vez que são produtos originários da China e não há grandes informações sobre como são produzidos, quem é o dono, os funcionários, entre outras questões. Ninguém contesta essas marcas, pois, se contestassem, tais empresas não teriam bilhões em lucros anuais.
Do amor ao ódio
Quando um cliente avalia positivamente o seu negócio no Google, um sorriso é estampado no rosto do empresário, mas o oposto acontece quando um cliente faz um vídeo falando mal do seu produto no TikTok.
Na Roma antiga, acontecia o tão esperado Damnatio ad bestias, onde pessoas condenadas eram jogadas para lutar contra leões ou outros felinos para o entretenimento do público. Atualmente, o mesmo acontece, sem animais, mas no digital, através das redes sociais. Grande parte do público se alimenta desse tipo de entretenimento.
Em 2024, Bianca Andrade lançou sua marca de maquiagem em stick, Boca Rosa. No entanto, devido a um erro na fabricação, grande parte dos produtos apresentou um defeito na embalagem. Uma chuva de vídeos no TikTok foi publicada. Tanto Bianca quanto a sua marca foram alvo de duras críticas. Muitas das críticas foram excessivas em relação ao problema apresentado.
É normal, para todas as empresas, receber avaliações positivas e negativas. Não há possibilidade de agradar a todos os públicos. Nem todas as expectativas pessoais podem ser cumpridas.
Qual é a sua missão com a sua marca?
Por qual motivo você abriu a sua empresa? Para além do lucro, é claro.
Responder e compreender essa questão é um dos pilares que sustentará o seu negócio.
É comum as empresas passarem por modificações ao longo do tempo, até porque o mercado, os desejos e o comportamento das pessoas mudam também. Isso se chama adaptação.
A Amazon de hoje não é a mesma que foi no seu primeiro ano. O mesmo vale para o Instagram, Facebook, Google, Tesla, Burberry, Magazine Luiza, entre outras.
Sendo assim, os negócios se lapidam até encontrar uma forma que os faz se consolidar. Pode ser que tais modificações não aconteçam apenas uma vez, mas várias vezes. A missão continua sendo a mesma, mas o que muda é a forma de chegar até lá.